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Cap 1 – De Volta ao Primeiro Olhar…

Well I’m not sure of my priorities   

When I’ve lost sight of whoever I’m meant to be

like holy water washing over me

You make it real for me

Ele acordou sentindo algo diferente no ar. Uma sensação como a de quando se come brigadeiro com morangos. Seus lábios arriscavam um sorriso espontâneo enquanto seus olhos formavam ruguinhas de felicidade. Virou-se,  correu os olhos no calendário e descobriu o que a memória do seu corpo já lembrava desde a primeira hora do dia……

how-to-pick-the-right-bar-for-a-business-meetingEra uma noite fria de julho, não tão fria como aquelas de bater o queixo, mas tinha uma brisa que arrepiava os pelos. Mas não era uma noite qualquer. Era o 23. O dia que mudaria a história daquele jovem pra sempre [mas ele ainda não sabia disso].

Ele chegou despretensiosamente. E assim ficaria se não fosse o barulho do seu coração a denunciá-lo em público de que algo estava acontecendo na sua alma. Ao subir a escala, como um imã, seus olhos desviaram de todas as pessoas – e havia muitas naquela noite – sendo atraídos para um único olhar escondido na outra ponta da mesa. Sentia gotículas de um suor frio escorrendo por dentro de sua camisa jeans.  Nessa altura já não conseguia controlar o rubor no seu rosto. Ao menos isso poderia culpar o frio!

Sentia um constrangimento gostoso. Uma timidez vestida de autoconfiança, por isso, preferiu sentar longe daquele olhar que o desconcertava. Buscou a proteção de quem já conhecia e engatou uma conversa alheia para controlar seus batimentos. Enquanto seus lábios diziam coisas que ele mesmo não ouvia… sua atenção cruzava aquela mesa, pescando discretamente os movimentos que ali aconteciam.

stenaxorimenos-sto-barFoi então que os céus se abriram… e um golpe do destino trouxe daquela distância para bem perto. Puxou uma cadeira e sentou-se quase do lado daquele jovem, entrando naquela conversa que nessa altura já não fazia mais sentido…. todos os sentidos de ambos estavam reféns daquele momento, daquele encontro, daquela presença…

Foi então que rendeu-se. Baixou suas defesas e entregou-se a algo que ele ainda não sabia o que era, mas que era bom. Não. Era mais que bom. Era novo, era inédito, era mágico, era espontâneo…. natural. Era um encontro de almas. Era 23 de julho e isso bastava…..

[ to be continued…]

Meu doce amor

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Meu doce amor,

Ao repetir essa frase “meu doce amor”, me dou conta de que é impossível pronunciá-la sem sorrir ….. a mistura de “doce” com “amor” resulta em um tom de voz sereno e gentil. Assim como você é. Assim como tudo em você é. Isso me faz querer compor uma música de uma frase só….

Me realizo neste pronome onde você, primeira pessoa tão singular, se faz minha com apenas três letras. Depois traduzo todos os seus predicados em uma única palavra. Palavra sinestésica que aguça os sentidos, dilata as pupilas e faz querer lamber os dedos de prazer. Então vem você, o sujeito da oração. Oração que eu faço todos os dias para que este amor nunca falte e jamais falhe.

Ainda sinto nos meus lábios, o gosto do seu amor.

[…]

Minha única possibilidade

olhos_007Sem dúvidas foi o brilho. Da luz que emanava daqueles grandes olhos que atravessavam a longa mesa e corria em minha direção me tomando de claridade. Uma luz que dissipava toda a escuridão de dentro de mim e me mostrava coisas lindas que eu mesmo desconhecia.

Aqueles olhos me olharam como nenhum outro jamais me olhou. E como jamais serei olhado novamente. Pois daquele olhar só existe um, o seu.

Fiz então dos seus olhos a minha lanterna. Para me guiar por lugares onde jamais tinha visitado. Descia cada vez mais fundo por sentimentos que me traziam segurança, proteção e conforto.

No caminho fui envolvido por uma doçura de arrebatar o coração para outro plano. Rompendo a gravidade até descolar meus pés do chão. Nos seus braços, senti o aconchego de colo e o fôlego de vida.

Foi a partir daquele olhar em que eu passei a descobrir a verdadeira vida. Aquela que nasce no e do encontro. Um encontro de almas. Um encontro marcado.

Em você eu descobri a mim mesmo. Com você eu aprendi a conjugar a primeira pessoa do plural. Mas foi por você que eu fiz do voltar minha maneira de não ir.

Tudo para que aquele olhar continuasse a beijar meus olhos, enchendo de borboletas a minha barriga e de sinos os meus ouvidos.

Daquele olhar ficaram três coisas: a surpresa do entregar-se, a sinergia do encontro, e a minha única possibilidade de poder me ver refletido nos seus olhos novamente.

P.S: desafio aceito! Desta mesma fonte também jorra outras inspirações além de dor e sofrimento.

Waiting for forever

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“A verdade não é nada. O que você acredita ser verdade é tudo. E eu acreditava que ficaria com você para sempre. Para sempre. Eu levei tanto tempo para escrever para você, porque percebi que fui um tolo. Passei a minha vida toda me enganando. Toda carta que escrevia era uma carta de amor. Como poderia ser outra coisa? Agora posso ver que todas, menos esta, eram ruins. Cartas de amor ruins imploram pelo amor. Cartas de amor boas não pedem nada. Esta, tenho o prazer de anunciar, é a minha primeira carta de amor boa para você. Porque não há nada mais para você fazer. Você já fez de tudo. Já tenho memórias suas que durarão para sempre. Por favor, não se preocupe comigo. Eu sou “perfeitinho”, de verdade. Tenho tudo. Se eu tivesse um desejo, seria de que a sua vida desse a você o gosto da alegria que você me deu. Que você sinta o que é amar. Do seu eterno amigo”

Trecho da obra “Waiting for Forever”, filme americano dirigido por James Keach, estrelando Rachel Bilson e Tom Sturridge. Foi filmado em Salt Lake City e Ogden, Utah.

Data de lançamento10 de fevereiro de 2010 (EUA)

DireçãoJames Keach

Duração1h 35m

Música composta porNick Urata

RoteiroSteve Adams

Fantasia

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Ele calcava os pés nos chão para passar despercebido entre os demais. Mas sabia que sua mente e seu coração flutuavam. Era como se sua cabeça fosse um balão de gás, suspenso no mundo da fantasia.

E quando ninguém estava olhando, ele discretamente deslocava o calcanhar e sonhava acordado. Vislumbrava momentos que não aconteceram. Pessoas que não estavam lá.

Mas eram reais.

Tão reais que suas fantasias lhe roubavam sorrisos e provocaram suspiros compulsivamente. Convencido de que seria surpreendido pelas próprias fantasias alimentava o quanto podia o desejo de ser reencontrado.

….

Então, voltava a tocar o solo. A realidade não tinha todas as cores, nem lhe fazia borbulhar a barriga. Não havia ninguém lá. Nem esperança, nem surpresa.

Ninguém o estaria esperando na porta, nem iria cruzar-lhe o caminho subitamente. Mas ele ousava contrariar a realidade e, com todas as forças, suspendia-se do chão novamente. O alívio momentâneo daquela verdade que ainda não tinha acontecido era suficiente para lhe acalmar o coração.

Naquele lugar, as cores, o brilho e a música davam conta dos desejos mais belos e puros. Lá, não havia assento para culpas e nem culpados. Mesmo assim, a gravidade insistia em lhe puxa para baixo.

Outra vez olhava e não via ninguém. Encontrava o vazio e isso era desesperador…..

….

Lembrou-se de quando estava à beira do abismo. Aquele empurrão dado, era o da liberdade, mas não havia reverberado o efeito esperado. Era para ser um impulso da salvação! Aquele que faz brotar asas, que ensina a voar, que desperta o instinto de sobrevivência quando se vê à beira da morte.

Então ele ficou esperando….

Esperando que do vácuo ressurgisse rompendo a gravidade, envolvido no vigor da liberdade, na própria força interior.  Baixou os olhos para seus pés, via as pontas dos dedos tocando a extremidade do penhasco. Olhava para baixo, esperando algum movimento, algum vento balançar seus cabelos.

E, nada.

O nada era o solo que agarrava seus pés drenando suas fantasias tão pueris. Por isso ele preferia o ar. No ar é onde as coisas fazem mais sentido, não precisa de raiz quem pode voar.

Era tão bom sentir no rosto as cócegas provocadas por aquele sorriso, ou experimentar a leveza de ser arrebatados pelas doces memórias de outrora.

Por isso, quando queria um carinho na alma, fantasiava.

Repetia acordado o mesmo sonho, de que a qualquer momento seria reencontrado, surpreendido. Saía todos os dias acreditando que seria naquele dia. Que a qualquer momento poderia acontecer.

Vivia um gerúndio absoluto do movimento de tocar e se desprender do solo.

Ele só queria que fosse verdade.

Que a verdade fosse real.

E que o real, fosse… que aquele empurrão não tivesse sido o da separação.

GIKOVATE: O AMOR QUE SE VAI

Amar-é-Puuung-1O psicoterapeuta e escritor Flávio Gikovate define o amor como: “um sentimento por alguém muito específico, que provoca a sensação de paz, de aconchego e harmonia”. Psicologicamente, o amor reflete a primeira experiência do ser humano: o prazer absoluto de estar no útero materno. Por isso, Gikovate diz que “o Amor é um remédio para o desamparo do nascimento”. Para ser amor é preciso que o sentimento seja, necessariamente, interpessoal (verbo transitivo) e, também, seja um prazer negativo, no sentido que ele vem substituir a perda do primeiro prazer (quando saímos do útero perfeito e temos contato com o mundo imperfeito).

Assim, Gikovate – contrariando o senso comum romântico – afirma que “não se faz amor, se sente amor”. Completamente diferente do sexo, que segundo o autor, o fenômeno da sexualidade funciona de forma pessoal (prazer autoerótico), é uma excitação e não depende de desconforto.

Fato é que amor adulto, tem muitas características infantis. O outro entra no lugar da mãe, substituindo o objeto de prazer que irá receber todo o investimento de amor.

No século V a.C., Platão afirmava que o Amor deriva de Admiração. A escolha desse objeto que vai substituir a mãe será feita, então, por admiração. Essa é a explicação para a formação dos casais. A questão é que o critério de admiração pode se modificar com o passar do tempo.

Essa, a admiração, é uma das variáveis que pode levar o fenômeno amoroso ao colapso da relação. Quanto mais baixaamar-é-ilustrações-puuung-34 for a autoestima, maior a procura pela admiração ao perfil oposto, justificando a máxima “os opostos se atraem”. O tempo e a aproximação podem provocar a perda, ou mesmo o crescimento, da admiração. É um processo constante de reavaliação da admiração ao outro. Isso depende das escolhas e das mudanças que ocorrem individualmente e, que afetam diretamente o relacionamento. Em outras palavras, quando se perde admiração, perde-se o amor. Logo, o maior problema é a perda da admiração.

O sentimento amoroso vai se desencantar pelas mesmas razões que o fez encantar. O fim do amor não é, imediatamente,  o fim do relacionamento. Muitas pessoas ficam juntas mesmo depois que a vida emocional está empobrecida. Viver junto, não significa viver bem. Há os que continuam com um objetivo de forçar a mudança do outro, em vez de usar essa força para mudar a si mesmo. “Por exemplo: em vez de eu forçar o outro a deixar de ser egoísta, eu devo trabalhar em mim para deixar de ser generoso. Assim, ou a pessoa sai da relação em busca de alguém generoso, ou ela aprender a ser generosa. Toda a energia deveria ser gasta em si mesmo e não em reformar o outro. É um esforço inútil”.

Para Gikovate a parte mais generosa da relação é quem ativa a ruptura. Isso porque a parte mais egoísta, ainda que em um possível sofrimento, não suporta ceder. Assim, espera-se uma hora oportuna para a separação.

amar-é-ilustrações-puuung-35As pessoas esperam separar sem ter que passar pelo buraco da solidão. A maior parte das pessoas lida muito mal com a solidão e, principalmente, com a dramática sensação de dor no momento da separação. Uma dor confundida, pois essa primeira não é a dor da solidão, é a dor aguda da ruptura. Da transição.

Se o relacionamento está desgastado, o outro não está preenchendo bem as expectativas, de maneira que já há a sensação de incompletude presente. Quando há uma ruptura é preciso fazer uma autocrítica e entender onde e como foram as falhas e as mudanças. Aprender a lidar melhor consigo mesmo.

O individualismo é uma coisa ótima e positiva, pois está ajudando as pessoas a dar menos ênfase ao amor infantil, de dependência. O individualismo atrai relações entre pessoas mais parecidas criando uma nova máxima “os semelhantes se aproximam”. O amor ganha conotação mais adulta, com aconchego intelectual, o que dá um viés mais sofisticado para a relação. O “Mais Amor” (termo cunhado por Gikovate como uma evolução das relações afetivas) é o que se aproxima da amizade, ou seja, a relação entre duas pessoas é baseada nas afinidades, respeitando a individualidade de cada um, tomando as duas partes como iguais e equilibradas em tudo.

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Fonte: Texto baseado na palestra O AMOR QUE SE VAI, de Flávio Gikovate, realizada pelo CPFL Cultura, 2009. (contém alterações deste autor/blog).

Link Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=JtDmoS7VAvY

Ilustrações: Puuung

Quanto vale?

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Quanto você está disposto a pagar pela felicidade que nunca acaba? Ou pelo amor sem dor? E pela paz que jamais sai do sério? Quanto você investiria em um relacionamento que desconhecesse a o medo, a insegurança e as diferenças? Quanto você pagaria para sentir, em todos os beijos, a mesma sensação do primeiro? Ou para manter a boca seca, o frio na barriga e a pupila dilatada em cada encontro com a pessoa amada? Quanto?  Quanto você pagaria para voltar a sonhar? Quanto vale o prazer de se entregar novamente?

Gostamos tanto de mensurar as coisas, as pessoas. Fazemos isso constantemente nos relacionamentos, por que não pesar os sentimentos?

Precificar é uma maneira que percebemos a intensidade do desejo. Valorizamos o que queremos e ainda mais o que não podemos ter. Assim, justificamos a nós mesmos de uma maneira ou de outra.

Somos desafiados a pagar o preço e com isso demonstramos o tamanho da nossa disposição em conquistar o objeto de desejo.

Assim, com disposição suficiente, nos arriscamos no mercado afetivo, pagando o que for necessário, sem pechinchar. E assim, abastecemos nossas satisfações e realizações.

No entanto, chega um momento onde a questão não está mais na disposição para se mover em direção ao que se deseja. Até porque continua se desejando. Mas a realidade volta-se para o quanto sobrou de recursos para pagar.

Então um dia você se pega com muita vontade, muita vontade mesmo, mas sem saldo emocional para financiar os sentimentos.

Esvaído pela impotência, você está sem crédito. Está quebrado. Com o coração quebrado.

 

FKX e a defragilidade das relações

“I’m like a rubberband until you pull too hard

I may snap and I move fast”

(SIA)

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Acredite! Einstein e Newton sabem muito mais de relacionamento afetivo do que você imagina! Eles não foram grandes autores de auto-ajuda, tampouco renomados terapeutas amorosos. Os expoentes da física esconderam em fórmulas matemáticas a explicação dos maiores conflitos emocionais entre duas pessoas. E você achando que só iria usá-las para passar no vestibular?

Vamos começar com F=K.X, também conhecida como fórmula de Hooke, muito utilizada para calcular a deformação que uma determinada força irá causar no objeto.

É sabido que todo material sólido quando submetido a esforços externos tem a capacidade de deformar-se. E, de acordo com a própria física, ao retirar a carga, o objeto teria a capacidade de retornar à sua forma e dimensão original. Este é o princípio da elasticidade.

Mas é claro que há casos onde essa carga é tão grande que a deformação torna-se irreversível. O próprio elástico, por exemplo, que “nasceu” para ser esticado pode perder sua principal propriedade com o tempo¹, dependendo do uso² e do desgaste³. Pode também se romper se alongado com uma força além da sua capacidade de resistência. Também pode sofrer danos irreparáveis na sua estrutura por conta da conservação e da temperatura.

Bom, agora você pergunta: “O que essa aula de física tem a ver com relacionamentos amorosos?” E agora eu te respondo: tente se colocar no lugar do objeto em questão!

Duas pessoas são como o K.X, ao se juntarem em um relacionamento, são expostas a uma série de Forças (aqui, você substitui o F pelos problemas do relacionamento, todos eles…..).

Fato é que as pessoas, e o próprio relacionamento, reagem de forma diferente a cada carga, uns deformam mais, outros menos, muitos conseguem retornar à forma do “primeiro encontro”, outros simplesmente ficam como aquelas borrachinhas frouxas que não conseguem mais segurar o dinheiro, sabe?

A grande verdade é que uma vez no formato “KX”, espere pelas piores “F’s”. A maldita física ainda consegue antecipar todas as possíveis conseqüências dessa equação amorosa:

A primeira possibilidade é a “Resiliência” – quando você ou o relacionamento consegue, simplesmente, absorver toda essa carga e retornar à posição inicial. Assim como os bambus que envergam com os ventos para todos os lados, mas ao primeiro sinal de serenidade, lá está ele ereto rumo ao sol.

Se este não é o caso do seu relacionamento, talvez já esteja na fase de “Plasticidade” – de acordo com a física é quando a pressão da forma é tão grande que gera deformações permanentes no objeto. Geralmente isso ocorre em relacionamento mais longo, onde o fator tempo já venceu o primeiro estágio.

Se o seu relacionamento não esta nas fases acima, então sinto lhe dizer, pois ele já veio a óbito! De acordo com a física, a “Ductibilidade” é a capacidade que um material tem em deforma-se até sua ruptura. Esse objeto que se rompe é chamado de defrágil.

E o que tudo isso significa? Muito simples! Que se você estivesse prestado mais atenção nas aulas de física e estudado os conceitos, provavelmente estaria hoje em um relacionamento saudável e feliz.

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ou então que simplesmente fracassou internamente e que busca explicações externas para aliviar a dor. Ou os dois.

Renato Lima, 00:28

Rituais de Passagem e Ciclos da Vida

Freud fala sobre uma certeza humana e coletiva, talvez a única certeza universal da nossa espécie: a morte. Ao mesmo tempo em que Freud fala que dentro de nós (inconsciente) existe essa certeza, no consciente coletivo também existe a mesma luta para viver e prolongar a vida na terra.  Mas o post aqui não vai falar dos avanços da medicina estética nem técnicas de rejuvenescimento,  talvez sim em um estilo de vida saudável, de uma saúde emocional e afetiva.

Fato é que nossa vida é uma sucessão de ciclos, o famoso Círculo da Vida, que a Disney ilustrou com o pequeno Simba. Vivemos concluindo coisas e iniciando outras – não necessariamente nessa mesma ordem – a bem da verdade, nem muita ordem temos….. começamos vários ciclos ao mesmo tempo, sem ter concluído outros e assim construímos voluntariamente uma trama e quando menos percebemos já estamos presos em nossas próprias experiências, memórias, lembranças, passados…..

Mas para realmente seguir em frente é preciso concluir esses ciclos e isso não significa, necessariamente, apagá-lo ou destruí-lo – até porque quando tentamos fazer isso, nossa mente luta em resistir, e ela sabe fazer isso muito bem – mas é preciso de um Ritual de Passagem, um marco que sinaliza o fechamento de um ciclo e o início de outro.

Como todo ritual, o de Passagem  também precisa cumpri um certo protocolo.  Há quem prefira queimar as lembranças físicas, ou enterrar ícones que remetam ao ciclo anterior. Outras pessoas preferem o método de substituição, fortalecendo o novo com a esperança de que uma carga maior de emoção suprima a do passado.  Algumas escolhas são homicidas, outras repressivas, mas todas desesperadoras! …..Pobres de nós, humanos! Fácil seria se aceitássemos a morte de um amor, o falecimento de uma história e o desapego de pessoas…. O egoísmo natural enraíza tudo isso, independente de sermos bons ou maus, somos todos iguais.

Voltando ao Ritual de Passagem….. biblicamente não se pode “deitar vinho novo em odres velhos”. Odres são as barricas de carvalho que armazenam e envelhecem os vinhos. Vinho novo precisa de Odre novo, caso contrário o odre velho não suportará a acidez do líquido e em pouco tempo estará vazando pelos remendos desgastados pelo vinho anterior. Para a bíblia nenhuma semelhança é mera coincidência.

Fato é que todo Ritual de Passagem certifica a conclusão de um ciclo. Serve como ponto final que substitui todas as vírgulas, reticências, exclamações e interrogações.  Exige um pouco de sacrifício, muita coragem e determinação, pois é preciso se voltar ao passado para fechar a porta, o que implica em re-lembrar, re-viver….. todos os sabores e dissabores!

Mas é através de um Ritual de Passagem que conseguimos distinguir claramente, fantasias, idealizações, utopias, de realidade! Serve como uma libertação, limpeza, preparação para o novo ciclo. Aquele que faz parte da vida normal e natural de nós humanos!

É nesse Ritual onde culpas, culpados, suposições e variações são aniquilados. Porque já não importa mais, o ciclo será fechado!

Rituais de Passagem não acontecem no campo da mente, é preciso materializá-lo. Rituais de Passagem não são todos iguais, não possuem tempo determinado. Podem levar horas, dias, ou mais de mês (disso eu entendo)…. diferente do que imaginamos, ele não tem poder de amnésia, mas de sublimação. E quando concluímos somos inundados por uma segurança e paz que nos prepara para iniciarmos um novo ciclo, como se fosse a primeira vez.

E essa é a mágica da Vida, poder acreditar novamente, se entregar e se lançar ao novo sem amarras do passado.  E se por um lado jamais iremos esquecer o passado, por outro, percebemos uma reorganização de valores e significados dessa semiótica emocional e hormonal que habita em nós.

Eis uma forma de despir a vida e repensar a insustentável leveza de ser !

Eu Te Amo, e daí ?

 *autor falecido

Talvez o maior problema das pessoas não seja a busca por um grande amor. (na verdade esse pode ser o segundo maior problema). Mas a grande questão é que cada um faz com esse “amor”.

Você pode cultivar esse amor como uma jóia preciosa e então guardá-lo em um cofre . Bom, assim você tem a certeza que ninguém ira roubar o seu amor e também o manterá sempre seguro.

Também pode tratar o amor como uma pelúcia. Aquelas boas para dormir abraçadinho. Quando chega o frio e a solidão da noite você tira o amor da prateleira, agarra-o com todas as forças e na manhã seguinte, ele vai para a prateleira. Afinal, é sempre bom ter um amor à disposição para quando a gente precisa. E saber que ele está lá, quietinho, para quando a gente não está tão a fim também.

Ou então existe também o amor com a maiúsculo, aquele estilo divindade. É colocado em um altar e idolatrado. Desejado com todas as forças, mas sempre à distância. O relacionamento é quase um culto de adoração, porém inalcançável.

Entre essas existem ainda incontável formas de colocar o amor em prática. Isso porque as pessoas estão sempre criando jeitos novos de encarar o amor. Fato é que o amor é e sempre será perfeito. Mas não perfeitas são as mãos por onde esse amor passa. Isso faz com que o amor seja um bem vulnerável, fugaz, efêmero…..

Eu te amo e daí, fala sobre “amor não basta”. Remete ao que cada um faz com seu amor. Esse sentimento completo e indivisível….. Em outras palavras, onde tem o amor não pode caber a traição. Já que esse primeiro é bem espaçoso e gosta de preencher todo o vazio. Amor é um sentimento invariável…. não existe menos amor…. embora “eu te amo tanto” seja uma medida arrebatadora para casais apaixonados.

O amor fala que nenhuma boca vai ter o mesmo sabor que a sua. Que depois de você não há outros…. O amor que se entrega fica marcado, como digitais em uma lamina de vidro….. O amor machuca-se facilmente, talvez ele não seja muito bom em se defender. Também não se vinga por si só. Tampouco consegue se regenerar sozinho…. Assim, perde a cor, a força e é tomado pelas feridas. Morre.

Dizem que pra tudo tem jeito, só não tem jeito pra morte. Mas e quando o amor morre? Eu te amor e daí….. tah lá o corpo estendido no chão!