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Waiting for forever

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“A verdade não é nada. O que você acredita ser verdade é tudo. E eu acreditava que ficaria com você para sempre. Para sempre. Eu levei tanto tempo para escrever para você, porque percebi que fui um tolo. Passei a minha vida toda me enganando. Toda carta que escrevia era uma carta de amor. Como poderia ser outra coisa? Agora posso ver que todas, menos esta, eram ruins. Cartas de amor ruins imploram pelo amor. Cartas de amor boas não pedem nada. Esta, tenho o prazer de anunciar, é a minha primeira carta de amor boa para você. Porque não há nada mais para você fazer. Você já fez de tudo. Já tenho memórias suas que durarão para sempre. Por favor, não se preocupe comigo. Eu sou “perfeitinho”, de verdade. Tenho tudo. Se eu tivesse um desejo, seria de que a sua vida desse a você o gosto da alegria que você me deu. Que você sinta o que é amar. Do seu eterno amigo”

Trecho da obra “Waiting for Forever”, filme americano dirigido por James Keach, estrelando Rachel Bilson e Tom Sturridge. Foi filmado em Salt Lake City e Ogden, Utah.

Data de lançamento10 de fevereiro de 2010 (EUA)

DireçãoJames Keach

Duração1h 35m

Música composta porNick Urata

RoteiroSteve Adams

O Surpreendente previsível Del Toro

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Falar de MAMA como o último trabalho de Guillermo Del Toro, já seria começar o texto com uma inverdade para uns dos mais ativos e procurados multitask de Hollywood, isso mesmo, entre Direção, Roteiro e Produção, Del Toro atua simultaneamente em outros três filmes a serem lançados em 2014 – Pinocchio, a Bela e a Fera, e Jardim Secreto.

Fato é que MAMA é o mais recente sucesso de Del Toro que apresenta uma fórmula já conhecida ao menos pra quem acompanha a filmografia do cineasta mexicano. Desde O Labirinto do Fauno, O Orfanato, Não tenha Medo do Escuro e agora em MAMA,  o terror-suspense é montado com crianças, seres inanimados, espíritos e uma paleta de cores dark.

Ao mesmo tempo em que o filme não é inédito do ponto de vista dos elementos já trabalhado em outros roteiros, ele se diferencia de todos os outros. Prende a atenção do espectador e envolve-os até o fim. O final é surpreendente e coerente, claro que ninguém desejaria aquele fim, mas teria ficado muito “humano” se fosse diferente e iria avacalhar todo o enredo do filme (penso seu!).

E o mais engraçado é como ele manuseia essa equação previsível de forma surpreendente. Não estou falando do Del Toro de HellBoy, Blade e Hobbit. Quero analisar a linha mais artesanal como os primeiros filmes citados acima, mais especificamente de MAMA.

Quando se pesquisa um pouco o background de Del Toro, logo dá pra entender que não se trata de coincidências, sua referência

DESTAQUE PARA A MAQUIAGEM DAS DUAS ATRIZES MIRINS

DESTAQUE PARA A MAQUIAGEM DAS DUAS ATRIZES MIRINS

sempre foi o terror espiritual, se assim podemos dizer, estudou muito maquiagem e caracterização, o que explora muito bem nos filmes, principalmente se for com Doug Jones (veja Aqui o Post sobre ele). Na minha opinião, se a MAMA fosse feita pelo Doug e não 100% computação gráfica teria fica muito melhor!

De todos, esse foi o que eu senti mais medos e sustos e arrepios, e olha que Não Tenha Medo do Escuro é bem malvadinho. Fico pensando como ele consegue transformar a imagem pueril e angelical das crianças nesses personagens densos e tensos!? Eu não deixaria meus filhos trabalharem com Del Toro, ele é muito perturbado!

Mas analisando o filme com a ótima da psicologia e do cristianismo, ele é bem real e muito possível. Passando pelo caso do Menino Lobo, psicose e esquizofrenia a manifestação demoníaca (possessão e encosto), enfim…. Um repertório bastante palpável, principalmente considerando o suicídio!

É difícil ver Filmes de Terror levando Oscar, já temos Jessica Chastain (Annabel) indicada como protagonista. Agora vamos torcer pelo roteiro.

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O Sentido da Vida

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EXISTIMOS,

AMAMOS

CRIAMOS,

E COMO PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO,  MORREMOS!

Sabe quando do nada você pensa e as pessoas ouvem seu pensamento? Não se trata de nenhuma habilidade telepática. Foi você mesmo que pensou com a garganta. Então eu soltei um “Qual o sentido da vida”. Não era bem uma pergunta, nem uma retórica, no máximo uma associação livre, talvez…..

Mas essa  frase, esse pensamento, esse grito (isso!), tinha algo de familiar… Seria um livro lido? Pensei. Talvez um filme antigo? …. Foi hora de jogar pra redação, que em coro respondeu “pergunte ao Google”. E não é que ele me levou a um projeto que está fazendo essa mesma pergunta, agora enquanto eu escrevo? Eu nunca tinha ouvido falar sobre esse projeto, mas em comum, questionamos a mesma incógnita filosófica!

 “O sentido da vida é procurar o sentido da vida. A pergunta abre muito campo. Já a resposta fecha”

Numa época em que nos encontramos perdidos.

Numa época em que o sistema está em colapso.

Qual o sentido da nossa existência? O que fica? O que nos Move?

Porque escreve um escritor? Porque compõem um músico?

Well, O Sentido da Vida está sendo gravado nesse momento em sete cantos do mundo. É uma idealização portuguesa que será co-produzido pela brasileira O2. É uma proposta muito interessante cujo o financiamento será coletivo. Isso mesmo, qualquer um pode ajudar a produzir o filme com doações e participações. O roteiro narra sete histórias. Sete arquétipos que formam uma constelação importante que irá espelhar a relação tão humana e universal entre a morte, a criação e o poder.  As filmagens serão no Brasil, na Islândia, na Inglaterra, em Portugal e no Japão.

De acordo com o produtor Nuno Artur Silva, o filme nasce de uma angustia pós-moderna “Todas as grandes narrativas que davam sentido à nossa vida estão fragmentadas. Mesmo se juntássemos os cacos, não seria mais possível reconstruí-las, da mesma forma. Essa implosão deu um novo sentido a vida”.

Mas uma frase, perdida em meio toda a minha pesquisa, acalmou minha angústia.

Sobre o Sentido da Vida?  “O Caminho é tão importante quanto o destino”.

Clique aqui para saber mais sobre o projeto e sobre o filme

Oz dentro de nóz!

Teaser de Wicked the Musical

Teaser de Wicked the Musical

A vida é como um quebra-cabeça. Ao longo da nossa jornada vamos coletando peças soltas e que muitas vezes não as valorizamos por – naquele momento – simplesmente não fazer sentido, ou não nos chamar atenção. Eu sou a favor de guardar tudo…. momentos, pessoas, experiências, situações, emoções, lembranças…. coloco no quartinho da bagunça e sei que a qualquer momento posso entrar e pescar alguma coisa para, então, fazer sentido…. ressignificar!

Assim aconteceu recentemente…… o que parecia um filmezinho bobo, lá para distrair a mente… virou uma reflexão sobre  O Maravilhoso Mundo que somos nós mesmos….

Eu não li nenhum dos 14 livros de L. Frank Baum. Mas desde 1900 o enredo de O Maravilhoso Mágico de OZ inspira muita gente e não só crianças, que digam os outros autores que publicaram mais 26 obras baseadas em OZ. E quanto a mim não foi diferente, no quesito inspiração…

Mas o filme lançado pela Disney, 73 anos depois depois da primeira versão,  tirou o foco do protagonismo clássico da Dorothy Ventania (Dorothy Gale, no original) e seus amigos…. E isso me chamou atenção… Como podemos ter várias histórias dentro de uma mesma história…? Como é possível, ao mudar o olhar sobre uma mesma situação, enxergar formas diferentes…? Esse mistério nos intriga uma vez que questiona nossas próprias verdades… O copo está meio cheio ou meio vazio, não é mesmo?

Mas naquela sala de cinema, passeando pela cidade de Esmeralda, matava a saudade de Glinda, ao mesmo tempo em que me perguntava por que mudaram o nome da bruxa do Oeste! Onde estava Elphaba? (falha imperdoável).

Então me remeti a uma história não contada sobre a Terra de Oz, Wicked – um livro escrito por Gregory Maguire (um daqueles 26) que narra o relacionamento entre a bruxa boa e a bruxa má… muito antes de Dorothy e do Mágico…

Eu conheci essa história na Broadway (NY/2007), produzida por Stephen Schwartz (Godspell, Pocahontas), o espetáculo estrelado por Idina Menzel e Kirtin Chenoweth rendeu nada menos de 35 prêmios, sendo 3 Tonys (o Oscar da Broadway) e está em cartaz até hoje e também rodando o mundo com outro Cast….

Mas voltando ao roteiro…. juntei todas essas peças, algumas de 2007, outras de 2013… e vi que dava para construir um sentido…o de que Existe uma OZ dentro de nós… uma terra onde habita a bondade e a maldade em  um intenso conflito…. Mas nessa terra também, tem balões coloridos, sonhos, desejos, alegria…. e me lembrei de uma música que marcou a minha vida nesse espetáculo: For Good, cantada no momento em que a bruxa má resolve acreditar na sua própria humanidade e se render a bondade que habita nela…. Talvez eu contando assim parece simples… Mas Elphaba era verde…. nasceu diferente e a diferença dela era explicita. Imagina quanto sofrimento internalizado por não ser como as outras pessoas, se sentir inferior…. Talvez a maldade de Elphaba seja apenas para se defender… E quanta coragem ela precisou para assumir suas falhas, mudar… se humilhar….?!

No fundo não estamos tão distantes da fábula. A verdade é que ninguém é 100% Glinda ou Elphaba…  Mas podemos dar sentido às coisas… podemos dar sentido a nós mesmos… Podemos construir nosso próprio caminho de tijolos dourados….

Peguei a tradução da letra que retrata um pouco disse que estou escrevendo:

(FOR GOOD)

Eu sou limitada:

Olhe para mim – Eu sou limitada

E olhe para você –

Você pode fazer tudo o que eu não pude fazer…

 

Eu ouvi dizer

Que as pessoas entram em nossa vida por uma razão

Trazendo algo que devemos aprender

E somos levados

Àqueles que nos ajudam mais a crescer

Se os permitimos

E os ajudarmos também.

Bem, eu não sei se eu acredito nisso,

Mas eu sei que eu sou quem eu sou hoje

Porque eu te conheci.

 

Quem pode dizer se eu mudei pra melhor?

Mas porque eu te conheci

Eu mudei.. para sempre.

 

Pode até ser que não nos encontremos novamente nessa vida,

Então deixe-me dizer antes de nos separarmos

Muito de mim é feito do que eu aprendi com você.

 

Você estará comigo Como uma marca no meu coração.

E agora não importa como nossas histórias terminem

Eu sei que você reescreveu a minha

Por ter sido minha amiga:

 

 Confira abaixo o video gravado do Espetáculo Wicked com Idina, foi a ultima apresentação da Kirstin (o choro foi real) Cantando For Good:

Encontrei um video da Idina fazendo uma apresentação na Casa Branca, com um mash up da trilha sonora de Wicked. Procurem no Youtube a Musica Defying Gravity, é bem legal!

DELICATESSEN filme by Jean Pierre Jeunet (1991)

Estou aqui travado em frente ao monitor… tentando encontrar uma palavra para iniciar esse post sobre o filme Delicatessen (1991). Que tal…. Aula. É, isso mesmo. Delicatessen é uma aula de Cinema (pra quem gosta de analisar minúcias técnicas, propostas ousadas e criativas de imagem, som, edição, enquadramento, etc….), é também uma aula de Roteiro (pra quem gosta de se deixar levar pelo enredo, porém precisa, antes,  ser convencido pelo mesmo), e, sobretudo é uma aula de Nostalgia (proposital. um filme muito bem resolvido, dentro da proposta dos diretores).

E por falar em direção, temos aqui o primeiro grande sucesso de Jean Pierre Jeunet (meu francês favorito). Já sei…. lembraram de “O Fabuloso Destino de Amelie Poulain”, né? Isto mesmo, porém, Delicatessen foi lançado exatamente 10 anos antes de Amelie Poulin e ve-se uma equilibrada qualidade tecnica e a assinatura do diretor que mesmo fazendo duas obras completamente originais e exclusivas, mantém os mesmos princípios e cuidados conceituais. (by the way, Jeunet levou dois atores de Delicatessen para Amelie – vale a pena acompanhar o desempenho desses personagens)

Vamos à Sinopse: Em um futuro apocalíptico, homem  chega a um estranho prédio, localizado em cima de um açougue, para procurar abrigo e emprego. Após instalar-se no local, se apaixona pela filha do dono do estabelecimento, mas sua presença começa a incomodar a família da moça – que, na verdade, possui outros e estranhos planos para ele.

voltando à crítica: o filme apresenta uma visão nostálgica – bem definida em tons de sephia, sombras e neblina. O cuidado com a iluminação e as cores é notório e dá o clima que o filme pede. Figurino, cenário, móveis, lentes…. tudo parece ter sido detalhadamente testado. E, no entremeio, a discussão de uma temática política, social, econômica e antropológica, séria, verdadeira e perigosa…. porém, ai está a façanha de Jeunet. Ele fala de “canibalismo”, sem pender para o terror (aidna que o filme seja um precursos rustico de Jogos Mortais), e sem pender para o cômico … não assusta e não faz rir…. faz pensar! mas sem ser careta….. É como se o filme te convidasse para uma viagem (e eu repito novamente) Nostálgica… Bucólica… Retrô…. e com essa leveza… insere o assunto hard!

Nada chama mais atenção do espectador do que a simplicidade que Jeunet desenrola a trama….. em todo momento sabemos que é uma ficção, mas nos sentimos tão íntimos e a vontade que quase participamos do filme…. (como ele faz isso eu não sei)

Enfim…… vale a pena ver com calma, prestar atenção nos detalhes e curtir o filme com sinestesia! Só não queira usar a régula de Hollywood pra medir uma filme Francês. #FikaDica